Minado dentro do próprio PMDB, o vice-presidente Michel Temer também passou a ser criticado pelo núcleo político do governo Dilma Rousseff. Esta semana, os ministros responsáveis pela articulação política afirmaram à presidente que Temer está sem influência em seu partido e não tem se esforçado para evitar novos reveses para o Planalto.
Na volta do carnaval, ministros argumentaram nos bastidores do Palácio que a falta de um interlocutor com os peemedebistas tem sido um entrave para a reaproximação com a legenda, principal recomendação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A própria Dilma Rousseff tem dado sinais de que a relação com Temer está estremecida. Ela não recebeu o vice em audiência particular desde a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados. Cunha derrotou o candidato do Planalto, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ainda no primeiro turno e relegou o PT a postos secundários na Casa. Para isso, contou com o apoio formal de Temer.
Embora faça parte da coalizão de partidos que reelegeu Dilma em outubro e tenha sido agraciado com seis ministérios, o PMDB se afastou o governo e adotou, no Congresso, uma postura praticamente independente nos últimos meses.
Ajudou a impingir ao governo sucessivas derrotas no Legislativo, como a aprovação do Orçamento Impositivo (obrigação para que o governo pague emendas parlamentares ao Orçamento) e a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras.
Atônito, o Planalto tenta agora reverter a todo custo o quadro para evitar a aprovação de uma “bomba fiscal” na próxima semana: a derrubada de um veto de Dilma ao reajuste de 6,5% na tabela do imposto de renda, algo que causaria um rombo bilionário nas contas públicas. Os peemedebistas já fizeram chegar ao Planalto a informação de que não pretendem segurar o veto.
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