Há um festival de fatos estranhos nessa greve dos servidores da UEPB. Após dois meses de paralisação, o reitor Rangel Júnior se mantém fechado em copas, não atente às reivindicações dos servidores que o elegeram, e ainda lava as mãos nas negociações com o Governo RC. É realmente de causar estranheza. Sem ser pressionado, é tudo o que o Governo quer.
Aliás, a secretária Aracilba Rocha (Finanças), que assina o cheque desde o fim da autonomia da UEPB, já avisou que não cabe ao Governo RC negociar com os grevistas. Segundo ela, isso é papel do reitor. Por seu turno, o reitor alega que a universidade não tem orçamento para atender aos servidores, e não vai cobrar mais recursos do Estado. Ou seja, não tem saída.
Na verdade, o comportamento do reitor reforça o argumento do governador, de que os professores da UEPB são os mais bem pagos do e não precisam de reajuste. Também corrobora a tese de RC de que a universidade já vem recebendo o orçamento adequado. Vai, inclusive, na contramão do que se dizia antes, que RC havia deixado de repassar mais de R$ 120 milhões, em dois anos.
Agora, para coroar o surrealismo reinante, o Ministério Público decide requerer a ilegalidade da greve dos servidores, cumprindo um papel inerente ao Governo RC, que ficou livre do ônus dessa iniciativa. O MP da Paraíba costuma ser um tanto solícito com o governador, desde o início quando respaldou a cruel demissão de 30 mil servidores do Estado.
Tenho minhas dúvidas se, numa greve que passa de 60 dias, o Governo RC estaria com todo esse céu de brigadeiro, caso Marlene Alves fosse a reitora. A tendência será o retorno dos servidores cabisbaixos, sem um centavo de aumento e sem as melhorias pedagógicas que reivindicam. O governador deve vencer a parada com o respaldo do Ministério Público e o silêncio conivente do reitor Rangel Júnior.
Fonte: Jornal da PB
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