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domingo, 22 de abril de 2012

Pré-candidaturas ameaçadas e brigas internas marcam pré-campanha em JP; ‘Zé’ corre o risco de ficar fora da briga

Brigas internas, contas de campanha reprovadas, desistência, resistência, pré-candidaturas ameaçadas e substituições de postulantes. Este é o cenário que se desenha para a campanha eleitoral no Estado da Paraíba. Desde que os partidos anunciaram que teriam candidaturas próprias na Capital, um verdadeiro caos se instalou nas principais legendas que irão brigar pelo cargo, a exemplo do PSB, PSDB, PMDB e PT.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Jaldes Reis de Menezes, os partidos vivem um momento confuso. Segundo ele, sairá ganhando quem souber manter a unidade interna e procurar falar diretamente para a população os problemas da vida urbana. “Quem souber passar a mensagem de que não é um mágico e apresentar um discurso límpido e empenhado em fazer João Pessoa uma cidade melhor, com certeza, sairá na frente”, frisou o professor.

Jaldes ressaltou que, para ter êxito na empreitada, é preciso distinguir os interesses do candidato dos do partido. Ele acredita que muitos conflitos internos se iniciam por conta disso. Segundo o estudioso, o PMDB caiu nesse erro e acabou deflagrando a disputa entre o ex-governador José Maranhão e o deputado federal Manoel Júnior.

Com relação aos problemas enfrentados pelo PSB, o professor destacou que os socialistas precisam, definitivamente desenvolver os passos seguintes da campanha de Estelizabel Bezerra, principalmente no que diz respeito à composição das alianças. Para Jaldes, no momento, o mais importante é garantir a unidade do partido, que ganhou todas as eleições em João Pessoa desde 2004. “As divisões no PSB são como tiros no próprio pé”, alertou.  

De acordo com o cientista político, a briga no PT paraibano parece que está longe de chegar ao fim. Embora uma página dessa história tenha sido virada, com a vitória da tese de candidatura própria, Jaldes acredita que o desfecho da trama ainda reserva muita discórdia entre o grupo que defende a candidatura própria e o que não aceita a pré-candidatura do deputado estadual Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa.

A briga terá, de um lado, a ala comandada por integrantes do Diretório Estadual, como o presidente Rodrigo Soares, os deputados Luciano Cartaxo, Anísio Maia e Frei Anastácio, além de Anselmo Castilho.

Do outro lado, está o grupo conduzido por Luiz Couto, Antônio Barbosa, Jackson Macedo, Jorge Camilo, Júlio Rafael, entre outros que não aceitam postulação de Cartaxo. “O grupo do PT que domina o Diretório Estadual viu nas prévias uma oportunidade de dar a volta por cima. Por isso, houve muita radicalização e confronto. Por conta disso, dificilmente, haverá uma liga entre os dois grupos do PT”, garantiu Jaldes

. Conforme o cenário apresentado pelo professor, parece que, na guerrilha interna, a situação mais confortável é do senador Cícero Lucena (PSDB). Para Jaldes, o problema central da candidatura do tucano diz respeito às pendências jurídicas. “Enquanto elas não forem dissipadas, ele (Cícero) continuará amargando índices de rejeição razoáveis, o que leva a sua candidatura a ter dificuldade de crescimento acima do teto e ficar entre 20% e 30%”, explicou.

Disputa teve início nas prévias - A disputa eleitoral deste ano começou nas prévias entre os próprios correligionários que, em alguns casos, brigaram entre si para ser o representante do partido no pleito de outubro. Isso foi o que aconteceu no PMDB. Lá, a disputa foi entre o ex-governador José Maranhão e o deputado federal Manoel Júnior. Venceu o ex-governador.

No PT, o embate foi bastante acirrado entre o grupo que defendia a candidatura própria e o que desejava se aliar ao projeto do PSB. Mesmo após vitória da tese de candidatura própria, alguns petistas sonham com o entendimento entre os dois partidos em João Pessoa ou até mesmo abrir dissidência, repetindo o feito de 2010. O mesmo aconteceu no PSDB. Os tucanos tentam entrar em consenso para definir o novo presidente estadual da legenda que tem bastante influência nas definições eleitorais.

O PSB do governador Ricardo Coutinho e do prefeito de João Pessoa Luciano Agra passou por momentos difíceis. Desde a desistência do atual gestor de disputar à reeleição em João Pessoa e o anúncio do nome da ex-secretária de Planejamento, Estelizabel Bezerra, como sua substituta, a unidade no partido não é tão certa. Em dado momento, surgiu o movimento Volta Agra, que balançou o prefeito.

Embora o movimento tenha sido natimorto, causou estragos como a demissão do presidente do PSB municipal, Ronaldo Barbosa, de um cargo na Prefeitura. Ele disse que não daria legenda a Luciano Agra, caso reconsiderasse a desistência. Por conta disso, há quem diga que o PSB está rachado entre os que defendem a volta de Agra e os que trabalham para alavancar a pré-candidatura de Estelizabel Bezerra.

Quando tudo se acalmou no PMDB, os peemedebistas foram surpreendidos com a reprovação das contas de campanha de 2010 do ex-governador José Maranhão pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE). Jaldes Reis de Meneses disse que, apesar de José Maranhão afirmar que vai recorrer da decisão, não acredita que o peemedebista terá êxito. O cientista político explicou que até o recurso chegar ao TSE, demanda muito tempo, e, até lá, Maranhão vai tocando a campanha. “Mas sob forte desgaste e tendo que responder a questão o tempo todo. Se o recurso for julgado antes das eleições, caso seja aceito, obviamente a campanha ganha fôlego”, disse.  

Troca fica mais difícil - Para Jaldes Reis de Meneses, quanto mais próximo dos prazos do congresso e da convenção do PSB, mais difícil fica a troca da pré-candidatura de Estelizabel Bezerra pela de outro nome. Com relação à renúncia do prefeito Luciano Agra do direito de concorrer à reeleição, o professor explicou que a princípio, a renúncia é um ato de caráter pessoal intransferível.

De acordo com Jaldes, na política, renunciar para depois retornar fortalecido é uma estratégia de altíssimo risco. Ele destacou que a ascensão do PSB ao poder na Paraíba foi um movimento popular de renovação da política com forte vocação de hegemonia.

“Por isso, é preciso ter juízo e trabalhar para unidade do projeto, pois as divisões só servem aos adversários, ávidos em retornar ao poder. Ninguém bate em cachorro morto. Por conta disso, qualquer movimento em falso do PSB logo é amplificado e exponenciado”, alertou Jaldes.

Legenda intermediária - “Indiscutivelmente, o PT é hoje o mais importante partido brasileiro. No entanto, na Paraíba ainda é uma legenda intermediária. Muitos erros foram cometidos. O PT paraibano tem uma vocação de autofagia, mas parece que essa vocação já raspou o tacho e pode haver um movimento de reversão”. É dessa forma que Jaldes Reis de Menezes avalia a atuação do Partido dos Trabalhadores no Estado.

Quanto à pré-candidatura de Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa, o cientista político disse que o deputado tem sabido espertamente surfar nas ondas das forças de oposição ao governo. “O estilo da oposição é o mesmo da antiga banda de música antiga UDN, que levou Vargas ao suicídio e não deu sossego a Juscelino: grita primeiro e depois vai avaliar o conteúdo da denúncia”, disse.

Ele ressaltou que, para uma candidatura a prefeito, é preciso mais que isso, pois não basta apenas trabalhar com o senso comum, “pois isso tem limite”. Jaldes acredita que, caso a tese de aliança tivesse vencido as prévias do partido, o PSB ofereceria a vice-prefeitura aos petistas.

“O discurso do grupo de Luiz Couto foi muito queimado pelos que se aproveitam do senso comum, mas tinha racionalidade. Se o PSB detém a Prefeitura, é natural que ele indicasse o cabeça da chapa e outro partido da aliança, a vice. Contudo, em política nem sempre conta a racionalidade, como também o princípio da ocupação de espaços”, considerou .

Por outro lado, explicou que o grupo do PT que domina o diretório regional viu nas prévias uma oportunidade de dar uma volta por cima e por conta disso houve muita radicalização e confronto entre os petistas.

Jornal Correio da Paraíba 

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